O lançamento de “Divertida Mente 2” nos cinemas colocou, mais uma vez, a animação em destaque. A produção da Pixar lotou salas de cinema pelo mundo e colecionou recordes.
No Brasil, o longa se tornou a maior bilheteria do século com a venda de mais de 20 milhões de ingressos e a arrecadação de mais de R$ 400 milhões.
O cenário se repete mundo afora. A animação já é a maior bilheteria do gênero na história do cinema, superando “Frozen 2” e “Os Incríveis 2” com a marca de US$ 1,55 bilhão.
Um dos motivos para esse sucesso é a capacidade de conquistar tanto o público infantil quanto o adulto, que compreende a profundidade dos temas explorados pela narrativa.
Não é de hoje que o mercado da animação se destaca e representa inúmeras possibilidades de negócios.
Além de não ficar restrita ao cinema, a animação conquista cada vez mais espaço também por conta do desenvolvimento tecnológico e acesso a essas ferramentas.
A seguir, vamos falar um pouco mais sobre as dimensões e oportunidades desse mercado que está em alta não apenas em Hollywood, mas também aqui no Brasil.
A animação no Brasil
A exemplo do que acontece no mundo todo, o mercado da animação no Brasil se desenvolve e demonstra potencial de crescer ainda mais, considerando o reconhecimento que vem conquistando no âmbito nacional e internacional.
A animação brasileira tem uma história de mais de 100 anos. Em 1917, foi lançado o curta-metragem “Kaiser”, o primeiro filme do gênero que se tem registro no país. Da obra de Álvaro Martins, restou apenas um fotograma preservado.
O primeiro longa-metragem de animação só foi lançado em 1953: “Sinfonia Amazônica”, de Anélio Latini Filho.
Afetada pela realidade que afetou o cinema brasileiro como um todo, a animação teve uma trajetória marcada por desafios técnicos e políticos.
Três acontecimentos da linha do tempo da animação são considerados determinantes para o desenvolvimento desse mercado no país. São eles:
- A popularização da computação como ferramenta de trabalho e lazer, ainda na década de 90;
- A criação de festivais específicos para o gênero, em especial, o Anima Mundi, lançado em 1993;
- A criação do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), uma das principais ferramentas de fomento da cadeia do audiovisual, em 2006.
Polo de animação mineiro
Minas Gerais abriga uma iniciativa que promete contribuir ainda mais com o desenvolvimento da animação no país.
Foi aberto, em Cataguases, o Animaparque, um estúdio-escola de animação que integra o Polo Audiovisual da Zona da Mata.
O Animaparque conta com estúdios; laboratório multimídia; ateliês de cenografia, arte e figurino; e áreas para produção, pós-produção e trilhas sonoras.
O projeto foi criado para atender as demandas do segmento de animação e, também, capacitar profissionais para atuar no mercado, transformando a região em centro de formação e criação.
Destaque internacional
O desenvolvimento da animação brasileira tem sido reconhecido pelo mercado internacional ao longo dos anos.
Em 2013, o filme “Uma História de Amor e Fúria”, de Luís Bolognesi, venceu o Festival de Cinema de Animação de Annecy, na França, um dos mais importantes do gênero.
Três anos depois, “O Menino e o Mundo”, de Alê Abreu, recebeu uma indicação ao Oscar de melhor animação.
Outro destaque internacional é “Tito e os Pássaros”, de Gabriel Bitar, André Catoto e Gustavo Steinberg, que foi indicado ao Annie Awards em 2019.
Festivais
O Brasil tem, hoje, o maior festival de animação das Américas e o segundo maior evento internacional do gênero, o Anima Mundi, criado na década de 90 justamente para fortalecer esse mercado no país.
Tanto no mercado nacional como internacional, ainda há outras vitrines importantes para as produções audiovisuais, como:
- Festival de Cinema de Animação de Annecy;
- Festival de Cannes;
- Festival de Gramado;
- São Paulo Film Festival;
- Brasília Animation Festival;
- Festival de Cinema de Sundance.
Oportunidades
Os profissionais da animação possuem uma série de oportunidades de atuação nesse mercado, considerando produtos e serviços como:
- Filmes e séries para todos os públicos;
- Efeitos visuais em obras audiovisuais;
- Jogos digitais;
- ·Conteúdos educacionais multimídia;
- Materiais corporativos, como vídeos institucionais e apresentações;
- Campanhas publicitárias.
Seja em estúdios de animação, games ou em agências de publicidade, o setor é formado por diferentes profissionais, entre eles:
- Ilustradores;
- Animadores;
- Modeladores;
- Diretores;
- Especialistas em efeitos visuais (VFX Artists)
- Motion designers.
É importante lembrar que personagens animados têm potencial para gerar produtos licenciados, o que também cria possibilidades de negócios e geração de empregos nas áreas de:
- Produtos alimentícios;
- Materiais escolares;
- Vestuário;
- Produtos de higiene.
Aqui, como exemplo, podemos mencionar as animações da “Turma da Mônica”, da Mauricio de Souza Produções.
Os desenhos e personagens deram origem a inúmeros produtos licenciados e que movimentaram negócios de outros setores, como brinquedos, roupas e, até mesmo, produtos alimentícios.
Desafios
O desenvolvimento tecnológico, por um lado, trouxe inúmeros benefícios para a animação e possibilitou, inclusive, que pequenos estúdios, agências e produtoras especializadas conquistassem espaço no mercado.
Por outro lado, o mercado brasileiro de animação convive com alguns desafios que vão além da já comprovada qualidade.
Um deles é a capacidade de formar e treinar profissionais para atuar nesse mercado, o que inclui o domínio dos principais softwares disponíveis.
Outro desafio é a retenção de talentos, uma vez que muitos são recrutados por empresas e estúdios internacionais.
Os incentivos, tanto governamentais quanto dos players, para garantir volume de produção e distribuição também são apontados como uma dificuldade da área.
Sucessos de Minas
Dois sucessos recentes da animação brasileira saíram de Minas Gerais. Um deles é o longa-metragem “Chef Jack – O Cozinheiro Aventureiro”, do cineasta mineiro Guilherme Fiúza Zenha.
A história do chef de cozinha que viaja o mundo procurando ingredientes raros estreou nos cinemas em 2023. O personagem principal foi dublado pelo ator Danton Mello, que também é mineiro.
Fazendo sucesso no YouTube desde 2015, o personagem Tubarão Martelo ganhou um média-metragem, também em 2023.
“O Tubarão Martelo e os Habitantes do Fundo do Mar” é dirigido por Carlos Magalhães e Cláudio Fraga, e contou com um elenco de dubladores totalmente mineiro.
Aqui, também vale mencionar o sucesso do filme “Placa-mãe”, do diretor Igor Bastos. Produzida em Divinópolis, a animação foi premiada em diversos festivais.
Mercado em alta
Mesmo com desafios a serem superados, a animação brasileira mostra evolução e ganha o reconhecimento do mercado internacional.
O acesso às ferramentas tecnológicos e a chegada das plataformas de streaming aumentaram as oportunidades de negócios, inclusive para os pequenos estúdios e agências.
E sucessos como “Chef Jack” e “Tubarão Martelo”, acompanhados de iniciativas como a do Animaparque, só trarão mais frutos ao segmento.
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