Desafios e oportunidades para quem quer empreender no setor fotovoltaico
O ano de 2021 foi um divisor de águas em relação à energia elétrica no Brasil. A crise energética se instalou devido à pior seca nos últimos 91 anos. Os reservatórios das hidrelétricas da região Centro-Oeste e Sul, responsáveis por abastecer cerca de 70% do país, chegaram a níveis críticos.
Além do risco de apagão, a conta de luz subiu vertiginosamente, onerando o orçamento da população, empresas, comércio e indústria. Contudo, toda crise gera oportunidades! Uma delas é a abertura de um negócio no setor de energia solar fotovoltaica.
Para tomar essa decisão com segurança, conheça agora o panorama do setor fotovoltaico no Brasil.
Panorama da Energia Solar Fotovoltaica
A energia fotovoltaica é hoje uma das principais alternativas para ampliar a matriz energética no Brasil e no mundo. O investimento em usinas solares é crucial frente às mudanças climáticas que afetam todo o planeta. Isso porque o sol é uma fonte de energia renovável e limpa.
Estimativas da IEA (International Energy Agency), apontam que até 2060, a energia solar fotovoltaica irá representar um terço da produção global de energia elétrica.
Em 2020, a geração distribuída (GD) no Brasil cresceu 116%, totalizando 4,377 GW de potência instalada. Para 2025, a expectativa é de um crescimento de 90%. A geração distribuída é aquela em que a energia é produzida junto ou próxima dos consumidores da rede da distribuidora.
Basicamente, são as usinas solares instaladas nos telhados das casas, comércios, indústrias e empresas em geral, bem como nas propriedades rurais ou nas pequenas fazendas solares.
10 GW: um marco na história da energia solar
Em agosto de 2021, o Brasil atingiu 10 GW (gigawatts) de potência instalada em energia elétrica solar. Isso representa mais de 70% da capacidade instalada da Usina Hidrelétrica de Itaipu, a segunda maior do mundo.
Segundo dados da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), desde 2012, a energia solar fotovoltaica trouxe ao Brasil mais de R $52,7 bilhões em novos investimentos e gerou 300 mil empregos. Em 2021, a geração distribuída deve receber R$ 17,2 bilhões em investimentos e gerar cerca de 147 mil postos de trabalho.
Empreender no setor fotovoltaico vale a pena?
Como você viu, o mercado de energia elétrica solar está em franca expansão, com ótimas projeções de crescimento para os próximos anos. Dessa maneira, as oportunidades de empreender são inúmeras.
Mas, antes de você abrir um negócio no setor fotovoltaico, é preciso entender melhor quais são os desafios e as oportunidades desse mercado.
Desafios do Setor de Energia Fotovoltaica
A expansão em larga escala da geração distribuída está relacionada a grandes desafios técnicos, econômicos e regulatórios do setor elétrico. Grande parte desses entraves estão ligados à necessidade de adequação técnica da rede elétrica das distribuidoras e aos modelos regulatórios tradicionais.
Variação Cambial
A maioria dos equipamentos e componentes de uma usina solar fotovoltaica são produzidos em outros países, principalmente na China. A variação cambial, portanto, torna-se um grande desafio na gestão de uma empresa de instalação ou de distribuição, por exemplo.
Por isso, é crucial que você tenha um capital de giro adequado para momentos de oscilação do mercado.
Gestão de Pessoas
Apesar do setor fotovoltaico ser promissor e estar aquecido, enfrenta a falta de trabalhadores qualificados. Entre as razões para a escassez de mão-de-obra especializada estão a alta demanda do mercado e o tempo de atividade da energia solar, que deu seus primeiros passos em 2012.
Portanto, para empreender no mercado de energia elétrica solar é preciso se preocupar com o desenvolvimento e o treinamento dos colaboradores. Além disso, os processos de recrutamento e seleção precisam ser minuciosos.
Cenário Econômico no Brasil 2021- 2022
Com o advento da pandemia no Brasil e no mundo, o cenário econômico nacional tem sido fortemente impactado no Brasil. Estimativas apontam que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ficará abaixo de 1% em 2022. A consequência mais relevante é a possibilidade de um aumento maior do juros básico. Nesse sentido, haverá alta nos custos da dívida e do crédito que irá impactar, diretamente, na recuperação da atividade econômica. A alta da inflação também faz parte desse cenário.
Ainda sobre o cenário econômico do Brasil, as expectativas dos economistas também envolvem o agravamento da crise hidro energética, com o crescente risco de racionamento em 2022.
A crise hídrica pressiona os custos da produção, aumenta a inflação e reduz as perspectivas de crescimento econômico, segundo informações de analistas de mercado. Muitas consultorias especializadas revisaram a projeção de PIB para 2022, em média de 1,7% para 1,3%, sendo o baixo nível dos reservatórios o principal fator de risco para essa estimativa.
Tal cenário leva em consideração os efeitos da crise hídrica e o aumento dos custos com a energia elétrica na produção e consumo, mas sem o racionamento.
A crise hídrica e energética brasileira, vivenciada em 2021, promove uma pressão adicional sobre a inflação corrente devido ao aumento da conta de luz, bem como sobre a dinâmica dos preços que serão aplicados em 2022 por meio da inércia resultante de um IPCA mais alto e do risco de novas medidas para reduzir o consumo de energia elétrica.
Conhecimento do Setor de Energia Fotovoltaica
Outro desafio importante para quem pensa em investir na energia solar fotovoltaica é o conhecimento. Assim, uma recomendação dos especialistas é procurar cursos para entender todos os aspectos que envolvem a cadeia logística da energia elétrica solar, bem como as regulamentações, especificidades trabalhistas e tecnologia.
Regulamentação do setor
Igualmente importante, o conhecimento das regulamentações do setor fotovoltaico é imprescindível. Isso quer dizer que você precisa saber quais são as regras de utilização da energia elétrica solar. Basicamente, existem duas Resoluções Normativas principais, criadas pela ANEEL: a RN 482 e a RN 687.
Elas regulamentam a instalação e a conexão dos sistemas de energia solar à rede pública de eletricidade. Vale lembrar que existem diversas outras legislações a serem observadas. Portanto, após escolher o modelo do negócio é muito importante que você fique atento aos demais requisitos e leis.
Marco Legal para a Geração Distribuída
Em agosto de 2021, foi aprovado pela Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei n° 5.829/2019 (PL). De autoria do deputado federal Silas Câmara e relatoria do deputado federal Lafayette de Andrada, a lei cria o marco legal para a geração própria de energia solar e demais fontes renováveis no Brasil.
O PL dará mais segurança jurídica ao setor, bem como deve acelerar os investimentos em novos projetos fotovoltaicos, tanto em residências como em estabelecimentos comerciais.
A aprovação do PL desfaz as incertezas jurídicas e regulatórias que pairavam sobre o mercado e, com isso, traz estabilidade, previsibilidade e clareza para o crescimento acelerado da energia solar no Brasil.
Oportunidades do Setor de Energia Fotovoltaica
Agora vamos falar sobre as oportunidades para quem quer empreender no setor fotovoltaico.
Sem dúvidas, a principal oportunidade para empreender no setor de energia fotovoltaica é o tamanho do mercado a ser explorado. Hoje, o Brasil tem 86 milhões de unidades consumidoras, entre casas, empresas, comércios, propriedades rurais etc. Dessas, apenas 800 mil possuem usinas solares.
Em um país de proporções continentais, as oportunidades para venda de projetos de instalação de usinas solares na geração distribuída são incontáveis.
Sustentabilidade
A energia é uma peça-chave para o crescimento da economia de qualquer sociedade. Assim, o uso de fontes de energia limpa e renovável, como o sol, é uma das ferramentas mais importantes para garantir o desenvolvimento sustentável. Justamente por isso, há diversas políticas públicas de incentivos para o setor fotovoltaico.
Linhas de Crédito e Incentivos Fiscais
No Brasil, há várias linhas de financiamento para quem deseja instalar uma usina solar. As linhas de crédito são voltadas para a geração distribuída. Há desde financiamento para propriedades rurais, pequenos comércios e para a população em geral que deseja investir na energia solar.
Os incentivos fiscais são essenciais para o crescimento da energia fotovoltaica, uma vez que a viabilidade econômica da instalação dos sistemas se torna mais interessante para o consumidor, seja ele pessoa física ou jurídica.
Queda dos custos de equipamentos
Nos últimos anos, houve uma queda expressiva dos preços em todos os segmentos da cadeia logística da energia solar fotovoltaica. Essa redução foi essencial para a expansão dos negócios. A tendência, segundo os especialistas, é que essa queda se mantenha, pelo menos, nos próximos 20 anos.
Em junho de 2016, um sistema de 50 kWp custava ao consumidor final R$350.000,00. Segundo levantamento da Greener, em junho/ 2021 esse mesmo sistema custava R$194.520,00. A redução do custo, em 5 anos, foi de 44%.
Retorno do Investimento
A partir da redução dos preços dos sistemas fotovoltaicos e do aumento das tarifas da energia elétrica, o retorno do investimento em uma usina solar é de médio prazo. Isso significa que hoje o consumidor recupera o investimento em menos tempo do que há alguns anos.
Crise elétrica permanente
A tendência de elevação das tarifas de energia elétrica deve permanecer por muitos anos, já que as mudanças climáticas afetam, diretamente, a produção das hidrelétricas. Além disso, os investimentos para as linhas de transmissão das usinas hidrelétricas e parques eólicos até as unidades consumidoras é altíssimo, com grande impacto ambiental e perdas técnicas. Esses aspectos favorecem ainda mais a ampliação do setor da energia solar fotovoltaica.
Diante desse cenário, o interesse dos consumidores em reduzir os custos com a energia elétrica será cada vez maior e deve abrir mais espaço para a energia elétrica produzida a partir da luz do sol.
Aumento da eficiência dos painéis
O crescimento da energia elétrica solar também está ligado ao aumento da eficiência[1] dos painéis solares. Isso porque quanto maior a eficiência do módulo, mais energia elétrica será gerada.
Irradiação Solar
O Brasil tem um enorme potencial para gerar eletricidade a partir da luz solar. No local menos ensolarado do país, por exemplo, é possível produzir mais energia elétrica do que no lugar mais ensolarado da Alemanha, um dos países que mais produzem e usam a energia fotovoltaica no mundo.
Segundo dados do Atlas Brasileiro de Energia Solar, o Brasil é um dos países com maior incidência de raios solares ao ano. Os maiores valores de irradiação solar estão na Região Nordeste, mas é possível investir na energia fotovoltaica em qualquer cidade brasileira.
A energia solar fotovoltaica está em franca expansão no Brasil. Por ser uma tecnologia relativamente nova, que se popularizou em 2012 no país, há um vasto território a ser explorado por quem pretende empreender na cadeia produtiva da energia elétrica solar.
Agora que você conhece os desafios e oportunidades do setor fotovoltaico no Brasil, se ainda houver alguma dúvida fale com um dos nossos especialistas no Atendimento Online, ligue para nossa Central de Atendimento no telefone 0800 570 0800 ou visite o Ponto de Atendimento mais próximo. Conte com o Sebrae!