A conta de luz é um gasto significativo para a maioria das pequenas e microempresas (MPEs). Nesse sentido, poupar recursos e gerar a própria energia é uma excelente opção para assegurar mais resiliência e previsibilidade na gestão do empreendimento.
Segundo a International Energy Agency (IEA), até 2060 a energia solar fotovoltaica irá representar um terço da produção global de energia elétrica. Pensando nisso, vamos falar sobre sobre os desafios e oportunidades da energia fotovoltaica pensando nos pequenos negócios.
Em 2020, a geração distribuída (GD) cresceu 116% no Brasil, totalizando 4,377 GW (gigawatts) de potência instalada. Para o final de 2021, a expectativa é de um crescimento de 90%. De acordo com Bárbara Rubim, CEO da consultoria Bright Strategies, em média, o investimento a ser feito em energia fotovoltaica, a partir de recursos próprios ou de um financiamento, se paga em cerca de cinco anos e a empresa ainda continuará contando com aquela geração de energia limpa e renovável por, no mínimo, mais 20 anos.
Como funciona a energia fotovoltaica?
Basicamente, são as usinas solares instaladas nos telhados das casas, comércios, indústrias e empresas em geral, bem como nas propriedades rurais ou nas pequenas fazendas solares. O Brasil tem um enorme potencial para a energia solar fotovoltaica, sendo um dos países do mundo com maior irradiação solar. No território nacional inteiro, de Norte a Sul, a energia solar é uma excelente opção para as MPEs.
O uso de fontes de energia limpa e renovável, como a solar, é uma das ferramentas mais importantes para garantir o desenvolvimento sustentável. Justamente por isso há diversas políticas públicas de incentivos para o setor fotovoltaico.
Financiamento de energia fotovoltaica
Em novembro de 2021, o Brasil atingiu 12 GW de potência instalada em energia elétrica solar. Isso representa mais de 70% da capacidade instalada da Usina Hidrelétrica de Itaipu, a segunda maior do mundo. Segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), desde 2012, a energia solar fotovoltaica trouxe ao Brasil mais de R$ 60 bilhões em novos investimentos e gerou mais de 300 mil empregos.
“Energia solar é sinônimo de economia, sustentabilidade e desenvolvimento social. Dessa forma, ao aderir à geração própria, a MPE agrega todos esses atributos ao seu negócio, produto e serviços. O principal desafio hoje ainda esbarra na questão financeira”, explica Bárbara
Muitas vezes as empresas, sobretudo as MPE’s, preferem não se valer de capital próprio para realizar a aquisição do sistema fotovoltaico, optando por direcionar seus recursos para investimentos mais relacionados com as linhas mestras do negócio. “Esta questão tem sido superada cada vez mais com a utilização de linhas de crédito. Muitas vezes, o consumidor acaba trocando a conta de luz mensal pela parcela do financiamento”, destaca Bárbara.
Outro questionamento recorrente reside no fato de muitas vezes a MPE estar localizada em área ou em prédio alugado. Isso gera receio na realização do investimento e da instalação do sistema fotovoltaico no local. Algumas formas de se contornar isso, são negociar com o proprietário antes para encontrar solução caso no futuro a empresa deixe o imóvel; realizar a instalação do sistema em alguma outra área disponível do empreendedor – por exemplo, uma fazenda; alugar o pedaço de um sistema instalado em outra área e cujo investimento foi feito por terceiro.
Dicas da especialista
Para Bárbara, antes de investir na geração própria de energia, é importante o responsável pela MPE pesquisar profundamente sobre possíveis fornecedores, também chamados de integradores – e se assegurar de contratar empresas com histórico favorável de atendimento ao cliente. Além disso, é importante também entender o seu perfil de consumo de energia elétrica (informação disponível na conta de luz) e as condições físicas do local da instalação. Todos esses pontos devem ser discutidos com a empresa responsável pela instalação.
Os fatores chave para o sucesso no uso de energia fotovoltaica por uma MPE são:
● a contratação de um fornecedor qualificado;
● o uso de equipamentos de qualidade;
● o correto dimensionamento da usina (ou seja, equacionar o sistema para melhor aproveitamento de acordo com a área disponível, sombreamento eventualmente existente no local e perfil de consumo).
Ordenamento jurídico da energia solar
Conhecido como projeto do Marco Legal da Geração Própria, o PL 5829/2019 aguarda aprovação no Senado Federal e trará mais segurança jurídica e previsibilidade aos interessados em gerar a sua própria energia. Quem entrar antes da promulgação do PL 5829/2019, terá assegurada a manutenção das regras de compensação atuais até 31/12/2045. Para os ingressantes após a aprovação no Senado, a transição será gradual e escalonada, de modo a assegurar a viabilidade dos investimentos.
“Além disso, a mudança de algumas características da regra atual vigente possibilitará às MPE's terem mais flexibilidade na utilização de seus créditos de energia. Esses são alguns dos motivos pelos quais o PL 5829/2019 é visto positivamente pelo setor de energia solar”, aponta a especialista.
Opções para quem quer usar energia solar na empresa
“Temos hoje dois principais modelos de negócios em prática no país: a compra de um sistema fotovoltaico para geração própria, quando a empresa deseja instalar uma usina para seu uso, e também a locação de usinas. Nesta modalidade, o consumidor, por não dispor de área própria ou recursos suficientes, opta por alugar um pedaço de uma usina construída por um terceiro, e obter o desconto equivalente em sua conta de luz”, explica Bárbara.
“Ambos os modelos são interessantes: no primeiro, a MPE consegue obter uma redução quase integral em seus custos com eletricidade. No segundo, obtém redução parcial (em geral de 10% a 20%), mas não precisa realizar nenhum tipo de investimento. Juntas, essas opções asseguram a disponibilidade da energia solar para todo tipo e perfil de empresa”, acrescenta
Oportunidades da energia fotovoltaica para empresas
Nos últimos 10 anos, os módulos fotovoltaicos, principal componente de um kit fotovoltaico, tiveram redução média de preço de 80%. Somando-se este fato às altas das tarifas de energia, as MPE's dispostas a gerar a própria energia poderão recuperar o investimento realizado em cerca de 3 a 5 anos somente com a economia propiciada pelo sistema, cuja vida útil ultrapassa os 25 anos.
Atualmente, há mais de 70 linhas de financiamento disponíveis para a instalação de sistemas de energia solar. Em muitas delas, o valor a ser pago a título de parcela de financiamento fica igual ou inferior à economia propiciada pelo sistema. Ou seja, não pesa no bolso da MPE.
A melhor forma de decidir sobre investir ou não em um sistema solar próprio é fazer contas e conferir, na ponta do lápis, quais benefícios a energia solar pode agregar ao negócio. Vamos pensar no cenário que estamos vivendo em 2021, por exemplo: com a crise hídrica as contas de luz, desde janeiro os aumentos já superaram 20%. Além disso, a bandeira vermelha imposta nas contas devido à escassez hídrica é um acréscimo considerável nos gastos das MPE's, mesmo com o cliente não tendo consumido nem um kWh a mais de energia. Isso por si só já aumenta, em muito, a atratividade em se gerar a própria eletricidade.
“Além disso, há ainda outro benefício agregado à geração própria de energia a partir de uma fonte renovável que é a questão ambiental, hoje um atributo bastante valorizado por consumidores e diferencial cada vez mais relevante entre empresas”, conclui Bárbara.
Quer conhecer ainda mais vantagens da energia solar para empresas? Confira nosso artigo com 7 benefícios da energia fotovoltaica !
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