Existe uma anedota famosa chamada "A metáfora do Lenhador" (autor desconhecido), que conta de um velho lenhador experiente que foi desafiado por um jovem forte para uma disputa: Dividiram uma área igual para os dois e começaram a cortar as árvores. O jovem, com toda a energia e força, já havia derrubado muitas árvores sem parar. E ele se empolgava mais ao olhar que o velho se sentava para descansar. No final do dia, o jovem se surpreendeu ao ver que o lenhador experiente o venceu com facilidade, e perguntou: "Mas como o senhor fez para cortar mais árvores que eu, mesmo parando tantas vezes para descansar?". E o sábio respondeu: "Eu parava para afiar o meu machado, jovem".
Essa metáfora nos mostra a importância da preparação ou planejamento para realizar qualquer tarefa. E também como é importante saber como utilizar os recursos disponíveis para tal.

Quais as mudanças no mercado da construção civil?
Atualmente, o mercado de construção é puxado pela demanda urgente dos lançamentos, ou seja, no início do projeto, define-se uma data para início de obra e duração da mesma. Essas datas são baseadas em projetos e obras passadas, e em várias ocasiões, não são levados em conta os motivos de atrasos e erros de obras levando à seguinte situação: prazo curto de projeto e obra com prazo alongado. Sem falar nas etapas de aprovação da prefeitura, corpo de bombeiros e outros órgãos reguladores.
Todo projeto, portanto, é nossa competição de cortar árvores. Na maioria das vezes, somos o jovem afoito, que quer avançar a todo custo, ansiosamente.
Parte-se então da suposição de que precisamos ganhar tempo durante o projeto para começar logo a obra. Tal convicção é muito corriqueira no mercado da construção. O projeto acaba sendo algo processual e obrigatório, mas no canteiro, a equipe responsável pela obra terá de tomar diversas decisões sobre inúmeras situações que teriam custado menos se resolvidas dentro do escritório.
E nem sempre foi assim. Em épocas de projetos na prancheta e início do uso de softwares CAD, as equipes tinham mais tempo para desenvolvimento e discussão dos projetos. Principalmente pelo tempo que era necessário para a produção dos desenhos. Muitas vezes era essencial para a compatibilização de todas elas, que as equipes estivessem fisicamente juntas no mesmo espaço, o que incentivava a comunicação constante entre elas, além da troca de informações.
Com a adoção generalizada do CAD, houve uma fragmentação das equipes e da comunicação, o que tornou o processo de gerenciamento de informações algo cada vez mais complexo. Em um único projeto, é possível ter mais de 20 disciplinas direta ou indiretamente envolvidas em definições de projeto. É uma tarefa hercúlea conciliar todas as informações geradas e requeridas para cada uma. No meio desse processo, pela urgência nos lançamentos dos empreendimentos, é fácil que o projeto seja apressado e certas decisões sejam deixadas para serem resolvidas em campo.
Como o BIM contribui na tomada de decisão?
Com o BIM, ganha-se a oportunidade de vincular muita informação essencial à obra no modelo 3D, que acaba se tornando um banco de dados vivo do projeto, sendo consultado para qualquer tomada de decisão.
Portanto, fica a pergunta: por que insistimos em dar pouco tempo ainda para a etapa de projeto, sendo que ela é tão importante? O projeto em BIM passa a ser um protótipo digital da obra e é sobre ele que são decididos de forma precisa como cada atividade na obra será executada. O projeto não é somente uma etapa de documentação de intenções, mas também uma etapa de planejamento antecipado.
Tiago Ricotta, em sua tese de Mestrado "Comparativo entre o processo tradicional e o processo BIM para desenvolvimento de projetos de edificações", comparou o processo de compatibilização de projetos pelo método tradicional em CAD versus o método utilizando o BIM, mostrando que o número de apontamentos registrados utilizando o BIM foi significativamente maior. Esses apontamentos são de problemas que deixariam de ser vistos durante a etapa de projetos e impactam o andamento da obra. Ricotta chegou a fazer uma análise financeira de cada apontamento, chegando a uma estimativa de custo de aproximadamente R$2932,35 por interferência encontrada na obra, quando não resolvida durante a etapa de projetos.
Sendo assim, é necessário que a fase de projetos tenha sua devida atenção para otimizar os investimentos nos empreendimentos, ou seja, quanto antes forem identificados possíveis problemas de obra, menor será o impacto financeiro. Isto é mostrado por meio do Gráfico de Macleamy, criado por Patrick Macleamy, que mostra que o custo das alterações de projeto aumentam com o tempo. Isso significa que, quanto mais a frente se decide alterar algo, maior o custo dessa decisão.

Voltando à metáfora do Lenhador, a fase de projeto é aquela em que devemos constantemente afiar os nossos machados. O modelo BIM pode ser uma excelente maneira de conseguir medir isso, sempre prototipando o que queremos executar em obra.
Quanto maior o tempo gasto num projeto, mais conseguiremos antecipar as atividades de obra e planejá-las para que não ocorram erros imprevistos, pois substituímos tempo mais oneroso em campo por tempo menos oneroso em projeto. E tudo isso pode ser realizado utilizando o modelo BIM como um protótipo construtivo.
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