Diferentes negócios e setores da sociedade discutem, hoje, como mitigar os impactos ambientais causados até aqui e garantir um futuro melhor.
Nessa responsabilidade compartilhada, o setor da construção civil também se volta para a questão e enfrenta desafios para colaborar com o planeta.
Neste sentido, um dos debates mais importantes é o da descarbonização da construção civil, processo que exige uma série de medidas transformadoras visando a inovação.
O setor é, atualmente, responsável por uma parcela significativa das emissões globais de gases do efeito estufa, causadas pelo consumo de materiais e energia, além da geração de resíduos.
O que muitos ignoram é que essa descarbonização não é apenas uma necessidade ambiental ou do próprio setor. Também pode ser vista como uma oportunidade vantajosa para as empresas do setor.
A partir de agora, vamos conhecer mais sobre a importância da descarbonização e como esse movimento pode beneficiar os negócios.
Meta e realidade
A meta para reduzir a zero as emissões de carbono no setor até 2050 foi estabelecido no Acordo de Paris, compromisso global firmado entre 195 países durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, em 2015.
No entanto, a realidade mostra que ainda há muito a ser feito. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), o setor da construção civil aparece fora dessa rota.
De acordo com o Relatório de Status Global para Edificações e Construção, em 2022, o setor foi responsável por 37% das emissões globais de CO2.
No Brasil, as emissões de gases de efeito estufa provocadas pela construção civil correspondem a 6% do total nacional, o que significa cerca de 139 milhões de toneladas de CO2 por ano.
Mudança necessária
A diretora do Pnuma, Inger Andersen, considera que uma mudança de atitude é necessária para atingir a meta de descarbonização até 2050. Para que isso aconteça, ela vê a participação do setor da construção civil como fundamental.
“Metade dos edifícios que existirão até 2050 ainda não foram construídos. Esta é uma grande oportunidade para o setor reimaginar os prédios do futuro – edifícios que priorizam a resiliência, renovação e reutilização, geração de energia renovável e construção de baixo carbono, ao mesmo tempo em que abordam as desigualdades sociais”, diz Inger.
Descarbonização: como fazer
Agora que já vimos a necessidade de descarbonizar o setor, podemos entender de que maneira isso pode ser feito.
Um relatório, produzido pelo Pnuma e pelo Centro de Ecossistemas e Arquitetura da Universidade de Yale, concentra as soluções para o setor em três frentes, que veremos a seguir.
Vale lembrar que esse plano deve ser adotado em todo o processo de construção para garantir que as emissões sejam reduzidas. Vamos às frentes:
Evitar
A primeira frente fala em evitar o desperdício utilizando, para isso, uma abordagem circular.
Uma das opções é construir menos reaproveitando edifícios que já existem. Isso diminui em até 75% as emissões em comparação com as construções novas, segundo o relatório.
A frente “evitar” também fala em construir com menos ou utilizando materiais que tenham uma pegada de carbono mais baixa, que possam ser reciclados ou reutilizados.
Mudar
Na segunda frente, o relatório orienta a escolher materiais de construção renováveis cuja base biológica seja de origem ética e sustentável, como bambu, madeira e biomassa.
Essa mudança, estima o documento, pode levar a uma redução de emissões de até 40% no setor em muitas regiões.
O relatório reconhece, no entanto, que, para que isso aconteça, são necessárias mais políticas e apoio financeiro para a adoção generalizada desses materiais.
Melhorar
Quando não há opção de substituir materiais convencionais, a terceira frente indica a necessidade de melhorar a descarbonização deles.
O relatório se refere, especialmente, ao processamento de concreto, aço e alumínio, considerados os principais responsáveis pelas emissões de carbono.
A terceira frente contempla, ainda, a priorização da eletrificação da produção através de fontes de energia renováveis e ao uso de tecnologias inovadoras.
A transformação da cultura da construção e dos mercados regionais também é destacada na frente “melhorar”, que defende a certificação e educação dos profissionais em relação às práticas circulares.
Edifícios net-zero
Para contribuir com o cumprimento da meta até 2025, o Brasil discute um projeto para a construção de edifícios com zero emissões de carbono, chamados net-zero.
A medida prevê que isso seja feito por meio do aprimoramento do arcabouço político-institucional; de projetos piloto; da implantação de inovações tecnológicas; capacitação; e disseminação de boas práticas.
O projeto net-zero pode impulsionar a criação de soluções mais sustentáveis e eficientes para as construções, além de tornar os edifícios mais confortáveis e econômicos no futuro.
Benefícios
A descarbonização da construção civil tem potencial de proporcionar uma série de benefícios para os negócios do setor. Alguns deles são:
- Responsabilidade ambiental;
- Estruturação das empresas para lidar com mudanças climáticas e práticas ESG;
- Avanço tecnológico para soluções, processos e modelos construtivos;
- Aumento da visibilidade e competitividade das empresas;
- Valorização dos profissionais;
- Atração de novos investimentos.
Oportunidade
Descarbonizar a construção civil é, sim, uma necessidade, do ponto de vista ambiental. Mas, não deve ser vista apenas dessa forma.
A meta de descarbonização também é uma oportunidade para os negócios do setor e não deve ser desperdiçada.
Saber aproveitar essa demanda, que já vem do próprio mercado, e conectar as empresas à sustentabilidade agrega valor, inovação e novos clientes.
Além disso, investir em novas tecnologias, modelos de negócios e práticas sustentáveis impacta diretamente na conquista de novos mercados e na construção de um futuro mais próspero.
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