Antes de falar sobre o significado de ABC dentro do tema Controle de Estoques ABC, vale a pena gastarmos um tempinho dando um enfoque na palavra controle. É importante saber e nunca é demais lembrar: estoque precisa ser conhecido e controlado. Há recursos financeiros valiosos ali dentro de nosso estoque e precisamos de ferramentas para que esse controle seja bem feito.
Nesse sentido, surge a ferramenta do controle ABC. Ela mostra uma hierarquia de investimentos em estoques, de modo que seja possível conhecer os itens mais importantes (e também aqueles nem são tão importantes assim).
Do que se trata do conceito de controle de estoque ABC?
A lógica ou ideia por trás do conceito de ABC vem de ranking, ordem de importância. O conceito é antigo e remete ao século XIX, quando o economista italiano Vilfredo Pareto mostrou que, em seu país, 80% das riquezas estavam concentradas em 20% das pessoas. A ideia de que muita importância se concentra em poucas unidades de observação ultrapassou a análise inicial do economista e passou a ser usada para muitas situações práticas, inclusive empresariais.
Assim, é dali que se origina a análise de estoques ABC, que às vezes pode ser chamada de análise de Pareto ou mesmo de 80/20.
Quando olhamos para nosso estoque, podemos querer saber quanto tenho em unidades ou em valor monetário. Primeiro listamos todos os produtos e, na sequência, colocamos em ordem decrescente de importância, do maior para o menor, por exemplo, em valor monetário. Daí poderemos perceber que, provavelmente, poucos itens irão representar um grande valor monetário ali em minhas prateleiras, enquanto um número grande de itens terá valor reduzido. Classificaremos o grupo dos mais importantes como A e, depois, dois grupos de importância menor, respectivamente, com B e C.
Não precisamos fazer o corte certinho ali no 80% e no 20% (até porque, na prática, provavelmente suas observações não vão coincidir exatamente com esses pontos). O importante aqui é a ideia implícita. Poucos itens são muito importantes em nosso estoque. E, claro, o contrário também é verdadeiro – um número grande de itens têm importância muito pequena.
Exemplo do uso do controle de estoque ABC
Vamos a um exemplo. Uma empresa do ramo de molhos e temperos listou um total de 280 itens em seu catálogo de produtos. Ao classificá-los por ordem de importância, percebeu que 42 deles (ou seja, 15% do total) representavam em torno de 78% das vendas. Repare, um número muito pequeno de itens representa um volume muito grande das vendas. Foram classificados como A. O grupo dos 60 próximos produtos representava mais 12% das vendas e foram chamados de “B”. Por fim, os 178 restantes em conjunto respondem somente por 10% da importância e ficaram no grupo “C”. Uma lição importante que se tira desse tipo de análise é justamente a indicação de onde deve ficar o nosso olhar mais atento.
Bom, se ABC é um ranking, então podemos pensar em usar sua lógica para situações diferentes e até para complementar análises. Por exemplo, posso fazer uma análise ABC dos meus itens em estoque pelo valor de custo estocado, um outro ranking pelo montante de vendas, quem sabe até um terceiro pela margem de contribuição... Será que algum produto é “C” em vendas, mas fica no grupo “A” em valor estocado? Situações como essa ilustram a riqueza de uma ferramenta antiga e simples, porém muito eficiente para controlarmos nossos estoques.
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