A expansão do uso da energia solar é um caminho sem volta e tem tudo para seguir crescendo exponencialmente.
As vantagens são claras tanto do ponto de vista econômico, para quem produz sua própria eletricidade, como do ponto de vista da atitude cidadã, ao contribuir pela preservação e melhoria do meio ambiente. Em ambos os casos, a energia que vem do sol é uma opção bastante interessante para o pequeno empreendedor, já que traz redução de custos ao longo do tempo e ainda proporciona um diferencial de mercado, entre outras vantagens.
Aderir a essa tendência positiva, no entanto, requer muita atenção seja na contratação de empresa especializada que irá executar o projeto de instalação, seja na obtenção de financiamento para pagar a obra. Afinal, como funciona o acesso ao crédito para implementar usinas solares?
Veja agora como é a realidade ao acesso ao crédito para pequenos negócios que querem aderir a essa tendência.
Usinas solares para pequenos negócios: quanto custa?
Os preços dos micro e pequenos sistemas geração fotovoltaica ainda estão em queda ao longo do tempo, mas o investimento em um equipamento básico requer ainda um desembolso significativo, que, em linhas bem gerais, pode variar de R$ 15 mil a R$ 25 mil, em média.
Para se ter uma ideia, são necessários sete painéis fotovoltaicos para um consumo mensal da ordem de 250 kilowatts-hora (KWh). A vida útil dos ativos é estimada em torno de 25 anos, com retorno do dinheiro empregado em cerca de 4 anos, proporcionando abatimentos nos gastos com eletricidade que podem chegar até 95%, em um momento em que as tarifas cobradas pelas concessionárias estão em forte alta e tendem a seguir nesse ritmo nos próximos anos.
As potências instaladas – capacidade de oferta de energia - no caso da microgeração distribuída podem chegar até 75 kilowatts (kW). Acima disso, limitada a 5 megawatts (MW), está a categoria de minigeração distribuída.
Linhas de crédito para pequenos negócios
A boa notícia é que existem hoje diversas linhas de crédito disponíveis especificamente para a aquisição de sistemas de geração fotovoltaica, com condições atrativas.
Vale ressaltar também que vários bancos e financeiras também estão engajados em apoiar a ampliação do uso da energia solar como forma de melhoria da imagem pública e de mitigar, ainda que indiretamente, suas respectivas pegadas de carbono, ou seja, as emissões provocadas pelo próprio desempenho das suas atividades.
Modelos de financiamento
Mas antes de examinar, em mais detalhes, as opções de financiamento para aquisição de equipamentos próprios, é importante também deixar claro que a opção pelo uso da energia solar não requer, necessariamente, o investimento na compra de um sistema gerador.
Se a natureza e tamanho do empreendimento, por diversas razões, não comportarem um desembolso significativo de valores, até porque implicaria, talvez, na imobilização de um capital que agregaria mais valor ao negócio, não há problema algum. Isso não impede o empresário de aproveitar os benefícios da energia solar.
Aluguel de usina via cooperativa
É possível, por exemplo, alugar uma usina em sistema de cooperativa. Neste modelo, diferentes companhias podem se beneficiar da energia gerada em uma fazenda de painéis solares ou telhado solar, que injetará a energia na rede elétrica, gerando créditos às empresas consumidoras. Há companhias especializadas nessa modalidade, atuando como intermediárias: numa ponta do negócio saem em busca de geradores dispostos a alugar suas usinas e na outra ponta providenciam consumidores para essa energia já empenhada.
Os créditos são compensados diretamente na conta de luz dos cooperados, proporcionando uma economia importante. Mas, é preciso ficar atento, porque, nesse caso, pela regulação federal, as usinas e os consumidores precisam estar localizados na mesma área de atendimento da companhia distribuidora local. As vantagens desse modelo também podem ser maiores ou menores a depender da carga tributária cobrada pelo governo estadual.
Já na modalidade de geração compartilhada, empreendedores diversos se unem em cooperativa para instalação de um sistema em local mais afastado, opção mais comum em grandes centros urbanos. Também existem empresas especializadas no desenvolvimento desse tipo de projeto.
Não é preciso, portanto, se preocupar com a construção e manutenção das instalações de geração. Da mesma forma, é conveniente que também as tratativas de conexão à rede de energia junto à companhia distribuidora sejam conduzidas pela empresa responsável pela construção do projeto. Essa etapa do processo costuma levar tempo e envolve alguma burocracia.
Comprando sua própria usina nos pequenos negócios
Mas, se a opção do empreendedor for mesmo pela aquisição de um sistema próprio de geração, sem que seja necessário desembolsar de imediato uma quantia significativa, o caminho é recorrer diretamente a um banco, financeira ou contratar a aquisição junto a uma empresa especializada que, em geral, já oferece financiamento como parte do pacote. Segundo a Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), há algo em torno de 70 linhas de financiamento voltadas para o setor, com opções que vão desde cooperativas de crédito e fintechs a bancos públicos e privados. Em 2020, o volume de financiamentos para sistemas de geração distribuída alcançou R$ 4,1 bilhões, crescimento de 28% em relação a 2019.
Seja como for, o importante é optar por bancos e financeiras de renome e ficar atento, por outro lado, a novas oportunidades, como crédito personalizado, digital e competitivo. É preciso também ter a documentação da empresa em ordem o que aumenta as chances para liberação de recursos, bem como elaborar um planejamento que garanta saldar o parcelamento sem enfrentar surpresas desagradáveis pelo caminho.
O Sebrae reforça que é recomendável ter bom relacionamento com a instituição financeira, manter cadastro positivo, solicitar limite de crédito compatível com a necessidade da empresa e disponibilizar dados cadastrais e gerenciais confiáveis. Quanto mais organização melhor porque, historicamente, no Brasil, a concessão de financiamentos e empréstimos a pequenas e médias empresas não é algo trivial, o que resulta em muitos pedidos negados durante a análise de crédito, seja por endividamento excessivo ou caixa baixo demais para honrar o parcelamento ao longo do tempo.
Principais critérios analisados pelas instituições financeiras
1. Capacidade de pagamento
Para analisar se a empresa tem capacidade de honrar os compromissos assumidos, os bancos verificam os fluxos e as projeções de caixa. Portanto, apresente demonstrações financeiras detalhadas e transparentes, pois registros contábeis de faturamento incompletos prejudicam a análise de capacidade de pagamento.
2. Capital
As instituições financeiras também analisam a capacidade de liquidez, os índices de lucratividade e a rentabilidade da empresa, bem como verificam se essas companhias têm reservas suficientes para arcar com o pagamento do crédito. Por isso, os demonstrativos contábeis devem refletir com fidelidade a estrutura de capital do empreendimento. Tendo isso, aumenta a chance de aprovação.
3. Caráter
Também é analisado o histórico do cliente como tomador de crédito: o proponente foi pontual no pagamento de suas dívidas no passado? O Sistema de Informações do Banco Central é consultado sobre ocorrências registradas em órgãos de proteção ao crédito (Serasa, SPC, Cadin) e em cartórios contra a empresa, os sócios e os avalistas.
4. Garantias
O banco analisa as garantias oferecidas na hora do empréstimo. Assim, quanto maior for a quantidade e a qualidade das garantias disponibilizadas, o risco de a instituição recobrar os recursos emprestados aumenta, caso o solicitante não honre suas obrigações. As garantias podem ser pessoais e/ou reais. Verifique as condições no banco onde solicitar crédito.
O Sebrae tem um fundo de aval para complementar garantias nas operações de crédito contratadas pelos pequenos negócios. Em parceria com a Caixa, o Fampe está facilitando o acesso dos donos de pequenos negócios ao financiamento de capital de giro. Saiba mais do acordo e veja como se beneficiar.
5. Coletivo
Empresas que atuam junto com outras do mesmo setor, mas em etapas diferentes da cadeia de produção, podem se tornar fornecedoras nesse meio, e por isso têm um menor diferencial de risco. Nesses casos, as instituições financeiras têm alterado seus parâmetros de avaliação, reduzindo as exigências, simplificando processo e, consequentemente, os custos diretos e indiretos de acesso a crédito.
3 dicas para conseguir crédito para usinas solares
● Priorize financiar sistemas fotovoltaicos, preservando recursos próprios para capital de giro. Nas linhas de financiamento para investimentos fixos, os limites são maiores, os custos são menores, os prazos de pagamento também são maiores e as garantias são facilitadas.
● Um bom histórico de relacionamento com a instituição financeira influencia positivamente. Procure entrar em contato com o banco onde você já é cliente e avalie as condições oferecidas. Mas, claro, não deixe de pesquisar outras opções.
● O banco quer correr o mínimo de risco possível. Por isso, é fundamental elaborar um estudo com a análise de mercado, produto, operação e finanças, mostrando a viabilidade do projeto e a sua capacidade de pagamento.
Além disso, vale lembrar que as opções de financiamento disponíveis no mercado podem garantir cobertura de até 100% dos equipamentos e mão de obra, com prazos de pagamento que chegam a 84 parcelas.
No caso de pessoa jurídica, os valores ofertados por algumas instituições alcançam a cifras de até R$ 3 milhões. Vale observar que a opção por captar um crédito sem finalidade específica, em geral, implica em taxas de juros mais elevadas. Diferentemente do financiamento atrelado a um bem porque, em caso de inadimplência do contratante, o próprio ativo entra como garantia do negócio.
Da mesma forma, os custos também variam se, no caso de uma aquisição direta com um fornecedor, o financiamento for contratado com ou sem uma entrada. Algumas instituições até concedem carência de alguns meses para o vencimento da primeira prestação. Os bancos, em particular, são obrigados a informar aos proprietários das micro e pequenas empresas todas as despesas das operações de crédito e financiamento.
O chamado Custo Efetivo Total (CET) engloba taxas, tributos, juros, seguros e despesas incidentes na transação e deverá ser expresso sob a forma de percentual anual. Enfim, a regra é pesquisar bem o mercado antes de se comprometer com uma dívida de longo prazo.
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