O Brasil é um país de população majoritariamente negra. Desde a década de 1940, a soma das pessoas pretas e pardas apresenta percentuais acima dos 50%. Em 2022, segundo o Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os negros são mais de 55% da população, o que corresponde a pouco mais de 203 milhões de pessoas.
Esses números colocam o Brasil como o país com a maior população negra fora da África e a segunda maior população negra do mundo, somente atrás da Nigéria.
Apesar dessa constatação, como em outras áreas, a cultura e o legado dessa parcela significativa da população ainda é pouco destacada em roteiros e mapas de turismo.
Para corrigir isso, ganha espaço o conceito de afroturismo, considerada uma vertente do turismo cultural que preserva e divulga o patrimônio e a identidade da população negra.
A partir de agora, vamos conhecer mais sobre a importância do desenvolvimento do afroturismo para o setor.
Afroturismo: o que é?
A base do afroturismo são as comunidades negras e envolve experiências de turismo afrocentradas, que evidenciam a participação da população negra na formação da nossa sociedade.
O conceito se conecta ao turismo de experiência, uma vez que tem como proposta levar os turistas a sentirem e reviverem temas relacionados a religião, gastronomia, línguas, músicas e artes do povo negro.
As experiências e valorizações culturais do afroturismo podem ser tanto rurais quanto urbanas, uma vez que a população afro-brasileira está espalhada por diferentes regiões do país.
Potencial
O afroturismo é considerado um segmento com amplo potencial de crescimento e um dos pilares que orienta as ações desenvolvidas pelo Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) para o resgate e a preservação da cultura negra.
Roteiros de afroturismo, que operam em locais e comunidades de relevância históricas, têm o potencial de promover o reconhecimento da população negra para a formação da sociedade.
Com isso, as atividades turísticas do segmento contribuem para a valorização da identidade e da herança da população afro-brasileira.
Inclusão econômica e social
Os roteiros turísticos específicos também têm um reconhecido potencial de inclusão econômica e social.
Atividades do segmento podem ter impacto significativo nas economias locais, gerando fontes alternativas de trabalho e renda.
Somada à relevância histórica, a importância econômica e social fortalece o afroturismo e as experiências enriquecedoras proporcionadas por essa vertente do setor.
Práticas
Experiências de afroturismo podem ser difundidas e valorizadas a partir de algumas práticas dos negócios do setor, como:
- Elaboração de roteiros que conectam a histórias e as raízes da cultura negra;
- Produção de conteúdos de valorização da população negra, com a divulgação de produtos e serviços voltados para essas comunidades;
- Criação de experiências gastronômicas completas, que misturem comida, história e música;
- Parcerias com empreendimentos e comunidades locais para zelar pela autenticidade das experiências oferecidas;
- Promoção de serviços que garantam uma boa experiência para que turistas negros não se sintam discriminados em destinos;
- Garantia do respeito e preservação das tradições culturais, com a preservação do patrimônio da cultura negra e evitando a apropriação cultural;
- Criação de programações em datas especiais, como no Dia da Consciência Negra (20 de novembro) e no Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha (25 de julho).
Afroturismo em Minas Gerais
O passeio conhecido como Caminhada Chico Rei, em Ouro Preto (MG), é um dos mais conhecidos do estado quando falamos na história da população negra.
Esse circuito está ligado à história de Chico Rei, também conhecido como Galanga, um rei congolês que foi escravizado e trazido ao Brasil para trabalhar em minas do estado.
Apesar das adversidades, Chico Rei conseguiu comprar a própria alforria e, depois, a mina onde trabalhava.
Explorando os recursos da mina, Chico Rei comprou a alforria e libertou dezenas de escravizados na região.
Além de Ouro Preto, outras cidades mineiras, como Contagem, Mariana, Belo Vale, Sabará e Jaboticatubas também são consideradas destinos com alto potencial para o afroturismo.
Valorização cultural
O afroturismo representa uma vertente de oportunidades para o setor, com práticas que valorizam a cultura da população negra.
Além disso, roteiros e destinos turísticos focados no afroturismo também promovem a inclusão social, a economia e a diversidade.
Adotando as práticas dessa vertente, os negócios do setor estão divulgando a história e a cultura, sem falar no fortalecimento das comunidades afrobrasileiras.
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